O arquiteto Gonçalo Byrne esteve no passado dia 10 na Biblioteca do Pólo dos Leões da UE para falar sobre a cidade de Évora, numa sessão integrada no ciclo de conferências do Curso de Doutoramento em Arquitetura. Ao longo de cerca de duas horas, numa conferência apresentada pelo arquiteto Carrilho da Graça, Gonçalo Byrne pôs em perspectiva a evolução da cidade e falou de conceitos subjacentes a essa mesma evolução.
Partindo dos espaços vazios que juntamente com os edifícios construídos fazem a cidade, o arquiteto passou para conceitos de reutilização dos espaços e vivência dos mesmos em função dos tempos, acrescentando que “cidades como Évora não têm menos de 2000 anos de história”, mudando a cidade com ela. Em termos latos, deu como exemplo a cidade de Detroit, nos Estados Unidos, cuja economia está muito centrada na industria automobilística, que com a crise de 2008 levou a grandes taxas de desemprego na região, provocando mobilidade dos habitantes para locais onde encontrem emprego, e assim surgindo quarteirões que constituem verdadeiras cidades abandonadas.
Olhando para uma imagem de uma vista aérea da cidade, Gonçalo Byrne chamou a atenção para os limites do burgo, ainda bem visíveis, e para o Plano Diretor Municipal, aprovado ainda na década de 70, tendo tal contribuído para um planeamento estratégico da cidade, fazendo assim contraste com boa parte dos espaços urbanos do país, que cresceram, de alguma forma, desordenados durante as últimas quatro décadas, fazendo de Évora uma cidade excepcional neste aspecto. "40 anos não são nada na vida de uma cidade, mas são qualquer coisa num período em que ocorreram grandes transformações".
Também foi deixada uma palavra acerca da Universidade de Évora, falando em concreto sobre o edifício onde se situa agora o Pólo dos Leões, sendo uma readaptação de um espaço outrora industrial para um espaço de ensino. Salientou ainda o facto de a Universidade ter optado por se enquadrar na cidade, distribuindo-se entre vários edifícios já existentes e não tendo optado por uma solução tipo campus, arredado da vida urbana e apenas centrada na vida académica, representando “um caso quase único em Portugal”.
Para o final da sua apresentação, Gonçalo Byrne reservou a apresentação de três projectos elaborados pelo seu atelier para a cidade Património da Humanidade, tendo sido dois deles executados, a Urbanização da Horta da Porta, um outro conjunto habitacional na Avenida de Lisboa - bem perto do primeiro projecto - e um último não executado, que seria o Parque Desportivo da cidade, perto do Bairro de Almeirim.
