COVID 19 | Inteligência artificial ao serviço da igualdade de género

Investigadores da Universidade de Évora (UÉ) vão analisar os materiais de divulgação produzidos pela Direção-Geral da Saúde, planos de contingência das instituições de ensino superior públicas portuguesas e conteúdos informativos da RTP durante o período pandémico com o objetivo de avaliar a existência de linguagem escrita e oral que (re)produza estereótipos de género. Com base em metodologias de inteligência artificial, a ideia passa por construir uma ferramenta web capaz de detetar automaticamente linguagem estereotipada e sugerir alternativas ajustadas à comunicação em saúde pública.

Coordenado por Rosalina Pisco Costa, Pró-Reitora da UÉ e investigadora do CICS.NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, o projeto #Unstereotyped - "Análise, avaliação e detecção automática de linguagem estereotipada na comunicação pública de prevenção e combate à COVID-19”, é um dos 16 projetos financiados pela FCT para estudar impactos de género no âmbito da pandemia selecionado entre 145 candidaturas. O objetivo passa por utilizar a inteligência artificial para preparar uma ferramenta web “original e inovadora” capaz de detetar automaticamente linguagem estereotipada e sugerir alternativas ajustadas à comunicação em saúde pública.

Alinhado com a Estratégia para a Igualdade de Género 2020-25, segundo a qual o combate aos estereótipos de género através da Inteligência Artificial é um dos objetivos nucleares, e com a Recomendação do Conselho da Europa de Prevenção e Combate ao Sexismo, Rosalina Pisco Costa sublinha a importância deste projeto no reconhecimento de linguagem sexista e estereótipos de género, pelo que, esta nova abordagem desenvolvida pela UÉ, deverá ser capaz de sugerir alterações ajustadas a uma linguagem inclusiva e sensível ao género e passível de utilização no contexto mais amplo da comunicação em saúde pública de emergência, como é exemplo os contextos de pandemia, catástrofes naturais, guerra e conflitos de índole diversa.

O projeto junta às ciências sociais, particularmente a sociologia do género, a informática, linguística, saúde, design, comunicação e divulgação científica e apoia-se num desenho misto que combina técnicas clássicas de análise de conteúdo e do discurso e técnicas avançadas de PLN (Processamento de Linguagem Natural). De igual forma os investigadores recorrem à análise assistida por computador, a partir de software orientado para a análise qualitativa de dados (NVIVO).

Para o processamento de Língua Natural, a equipa multidisciplinar da UÉ utiliza uma análise sintática das frases, conjugada com o uso de regras simbólicas identificadoras de situações de estereótipos de género. Para além desta, vão ser ainda avaliadas técnicas de aprendizagem automática que, com base em modelos da Língua Portuguesa permitam classificar automaticamente diversas frases.

Na área do design thinking colaborativo e com o objetivo de aprofundar a área da comunicação para a diversidade, linguagem inclusiva e sensível ao género, o projeto conta com investigadores associados ao IDeIA - Centro Transdisciplinar de Investigação, Desenvolvimento e Inovação Aplicada da Universidade de Évora, estando ainda previsto, no final do projeto o lançamento de um Guia de boas práticas em linguagem inclusiva e sensível ao género, orientado para a comunicação em saúde pública de emergência disponibilizado publicamente em formato digital e interativo.

Publicado em 06.07.2020
Fonte: GabCom | UÉ