1.2 milhões de Euros para o projeto Fronteira Landscape

O “Fronteira Landscape Project”, uma parceria entre a Universidade de Évora (UÉ), University of Leiden, e o Royal Netherlands Institute, foi financiado com 1,2 milhões de Euros pela Fundação Prins Bernhard Cultuurfonds para a realização anual de uma field school que reúne estudantes de várias universidades europeias.

Foi desta forma aprovado o financiamento para os próximos quatro anos de trabalho do Fronteira Landscape Project coordenado na UÉ por André Carneiro, professor do Departamento de História e investigador do CHAIA, uma colaboração que teve início em 2018, e reúne estudantes de formação avançada e investigadores que trabalharam em prospecções arqueológicas no concelho de Fronteira.

O principal objetivo do projeto reside na deteção e estudo dos sítios que em época romana organizaram a rede de povoamento neste território. Dada a experiência prévia da equipa holandesa que tem trabalhado em Itália, um dos focos específicos reside na chamada "Paisagem da Romanização", ou seja, “na tentativa de definir os padrões de mudança na transição entre a paisagem pré-romana, os estabelecimentos da conquista, e a rede de povoamento que irá caracterizar a primeira fase do Império romano” explica André Cardeiro. 

Isto significa, “que existem profundas mudanças ainda mal conhecidas e que agora se pretende caracterizar”, tais como as questões identitárias, ou “como se integram os indígenas? como se adequam romanos e indígenas?” entre outras questões “relacionadas com novos modelos de exploração do território, nomeadamente com a intensificação agrícola e a utilização de novas estratégias agropecuárias” acrescenta o investigador da UÉ.

Estas são “questões transversais e de grande utilidade para entendermos processos mais complexos relacionados com a exploração do mundo rural”. Assim, o reforço da aposta agora feita para os próximos 4 anos, “permitirá a realização de novas edições da field school, mas também a integração de alunos em formação avançada que poderão realizar outputs específicos, desenvolvendo sublinhas de investigação”.

Olhar para além da materialidade arqueológica “e realizar estudos que permitam perceber as alterações no coberto vegetal, nas práticas agrícolas e nos padrões de dieta, o que assume especial interesse para poder valorizar produtos ou prevenir práticas irracionais de exploração actual do território”, apresenta-se como um dos principais objetivos para esta equipa de investigadores.

Tesse D. Stek, investigador na Leiden University e coordenador geral do projeto, enaltece "a colaboração entre portugueses, holandeses, espanhóis, italianos e outros colegas tem sido fundamental para moldar esta agenda de investigação” sublinha, mostrando-se ao mesmo tempo “ansioso para novas discussões e descobertas”, possibilitadas por este projeto que tem como estudos de análise da paisagem romana na área do município de Fronteira (Alto Alentejo), utilizando as mais modernas metodologias de trabalho em Arqueologia da Paisagem, centradas em especial no tema da transição entre o mundo indígena da Idade do Ferro e a conquista e romanização da paisagem (sécs. II a.C.-I d.C.).

Publicado em 20.04.2020
Fonte: GabCom | UÉ