Pedro Horta analisa desafios energéticos atuais

Pedro Horta, titular da Cátedra de Energias Renováveis da Universidade de Évora (UÉ), foi o orador principal de mais um encontro da iniciativa Conversas com Ciência, intitulada “A Energia: de onde vem e como a usamos?”, que teve lugar na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, no dia 30 de janeiro.

Nesta conversa informal, que acabou por se alongar para responder às curiosidades do público, Pedro Horta debruçou-se sobre a problemática das alterações climáticas e a sua correlação com o consumo de combustíveis fosseis. Através de uma experiência prática e motivando a participação do público na elaboração dos cálculos, o investigador da UÉ demonstrou que o balanço energético do nosso sistema atual pressupõe que por cada unidade de energia útil sejam necessárias seis unidades de energia primária.

Por outro lado, Pedro Horta alertou para a tendência de aumento da temperatura média global, associada a valores recorde registados na concentração de CO2 (dióxido de carbono),  atualmente na ordem de 405 partes por milhão (ppm). Trata-se de um valor alarmante visto que ao longo dos últimos 600 mil anos nunca tinha havido uma concentração de CO2 na atmosfera acima de 300 ppm. A razão está na maior utilização dos combustíveis fósseis, já que estes funcionam como verdadeiros armazéns de carbono acumulado ao longo de milhões de anos, sob a forma de carvão, petróleo, gás natural, etc., que, sendo queimados, contribuem para a emissão de gases poluentes para a atmosfera. Por entre as consequências deste fenómeno está o acréscimo de eventos extremos, em termos de temperaturas, secas e inundações, aumento do nível médio da água do mar, bem como da contração de áreas geográficas viáveis para espécies de insetos, outros animais e plantas e da alteração de ecossistemas, entre outros.

O investigador da UÉ refletiu ainda sobre como este fenómeno está a motivar a transição para as energias renováveis, acontecimento visível nos dias de hoje, o qual representa um desafio corrente, já que exige uma mudança de paradigma muito rápida e sem precedentes, com impactos quer ao nível das tecnologias que utilizamos para produzir energia, quer ao nível daquilo que os consumidores fazem com essa energia.  

Recorde-se que a iniciativa Conversas Com Ciência se insere no projeto Missão Ciência&Arte, um compromisso conjunto entre a Universidade de Évora (UÉ) e a Câmara Municipal de Évora (CME), que visa aproximar a academia ao público em geral, através da partilha de conhecimento cientifico e tecnológico aplicado a questões do mundo contemporâneo.

O próximo encontro terá lugar no dia 14 de fevereiro de 2020 às 18h30, incidindo sobre o tema “Novas estratégias para a preservação do azulejo de exterior”. O azulejo é uma das mais portuguesas expressões artísticas, utilizado na arquitetura em Portugal desde o século XVI e, ao contrário de outros bens culturais que se encontram resguardados em vitrines, uma parte substancial deste valioso património encontra-se exposto no exterior. Assim, não só está sujeito às agressões climatéricas como também ao ataque de líquenes e outros organismos, que causam danos irreversíveis.

Neste sentido, Mathilda Coutinho, investigadora do Laboratório HERCULES, irá dar a conhecer novas estratégias para a preservação deste património. Sendo a UÉ um espaço emblemático da cidade, caracterizado pelas suas salas revestidas de azulejos azuis e brancos, revela-se o palco ideal para acolher este encontro na sala 106 do Colégio do Espírito Santo (CES).

Publicado em 06.02.2020
Fonte: GabCom | UÉ