Livro de Quintino Lopes apresentado na Universidade de Évora

Foi apresentado hoje, dia 22 de maio na Universidade de Évora (UÉ) o livro "A Europeização de Portugal Entre Guerras. A Junta de Educação Nacional e a Investigação Científica" de Quintino Lopes, investigador do IHC_CEHFCI_UÉ.

Apresentado por Pedro Aires Oliveira, professor e investigador no Instituto de História Contemporânea, o livro de Quintino Manuel Junqueira Lopes, foi baseado essencialmente na sua tese de doutoramento, intitulada “A Junta de Educação Nacional (1929/36) - Traços de Europeização na Investigação Científica em Portugal”, defendida em 2017 na UÉ, realizada sob a orientação científica de Maria de Fátima Nunes, Professora de História na mesma Universidade.

Para a realização deste livro, Quintino Lopes, adianta que baseou-se “fundamentalmente" em documentação inédita do Arquivo Histórico do Camões, I.P., cruzando-a com inúmeros outros arquivos em Portugal e no estrangeiro (Espanha, Suíça, França, Inglaterra e EUA). O investigador adianta que o trabalho apresentado “modela a visão tradicional sobre a relação entre Estado Novo e ciência”, mostrando como a instituição “que planifica e financia a investigação científica entre 1929 e 1936 - a Junta de Educação Nacional - procura europeizar a ciência e pedagogia em Portugal”.

A contestação da tese dominante que advoga o atraso científico português “efectua-se pela revelação de casos de estudo como o do Laboratório de Fonética Experimental da Faculdade de Letras de Coimbra (1936-72), cuja inovação dos métodos de investigação introduzidos pelo seu director, Professor Armando de Lacerda, resulta na atracção exercida sobre cientistas das mais diversas universidades europeias, africanas e americanas, inclusivamente de Harvard e Cambridge”, explica Quintino Lopes.

Não desvalorizando as limitações próprias de um Estado autoritário, como era o Estado Novo, Quintino Lopes, revela, “ainda a profunda resistência da Universidade à actividade da Junta de Educação Nacional”, mostrando desta forma “como as questões internas (entre os pares) impediam ou dificultavam a integração ou ascensão nas carreiras docentes e limitavam a investigação produzida”.

Uma das conclusões da sua tese, é a ideia de uma comunidade científica nacional que, “embora sujeita às limitações inerentes a um Estado ditatorial, entre finais do anos vinte e a década de trinta, em alguns casos prolongando-se pelo decénio subsequente, pela continuação da actividade da JEN pelo IAC, usufrui de um suporte institucional que permite a sua especialização científica, a aquisição de bibliografia e de material de investigação actual, a produção e divulgação de conhecimento, e a consagração nacional e internacional”, o que veio permitir “a reinterpretação do itinerário de um desses cientistas, Egas Moniz, colocar a JEN na rota do único prémio Nobel da ciência produzida em Portugal”.

Publicado em 21.05.2019
Fonte: GabCom | UÉ