A desinformação sobre o momento actual campeia desvairada, alimentando as nossas dúvidas ou, o que é ainda pior, as nossas "certezas"...
Autor: Rui Dias, Professor Catedrático do Departamento de Geociências e investigador do Instituto de Ciências da Terra, da Universidade de Évora. Coordenou a instalação do Centro Ciência Viva de Estremoz, do qual foi Director Executivo. Entre outros cargos, Rui Dias, foi presidente da Sociedade Geológica de Portugal entre 2014 e 2018. É Membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Informação em https://ccvestremoz3.wixsite.com/sustinsustentavel
Qualquer um se perde numa lista de questões que poderia não ter fim, tal a complexidade do Mundo em que vivemos. E perdemo-nos pois ninguém tem conhecimentos sobre a diversidade e complexidade de todos estes assuntos, de modo a conseguir distinguir o que está certo ou errado... o que se conhece ou o que se tem dúvidas... o que é relevante ou o que é irrelevante... E não temos tempo para ir pesquisar sobre tudo... E, mesmo que tenhamos tempo a tarefa não é fácil, pois não temos conhecimentos para o fazer... pelo menos em todos estes assuntos... Por isto, frequentemente as dúvidas se vão transformando em «certezas» alicerçadas em informações falsas que circulam abundantemente nas redes sociais. Mas o momento é grave... extremamente grave, pois somos mais de oito mil milhões a querer cada vez mais... e a Terra não cresce... mas nós vamo-nos multiplicando... rapidamente... muito rapidamente...
Infelizmente, 200 anos depois, se Thomas Malthus conseguisse ver o que se passa agora provavelmente diria com um sorriso irónico, mas triste, «Eu tinha-vos avisado, mas vocês perderam tempo a discutir pormenores em relação ao que eu estava a dizer e, não fizeram nada». Depois de 200 anos parece que não aprendemos nada, pois continuamos a discutir detalhes sobre o que está a acontecer, adiando mais para a frente a necessidade de reverter a situação mas... já não temos 200 anos... Vivemos a ritmos muito mais acelerados e o futuro está bem mais perto e, pode não ter lugar para todos nós e os nossos descendentes, pelo menos se não fizermos nada...