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Trimestral | Nº 01 - 2016
Divulgação Científica

Marília Castro Cid | Coordenadora do CIEP.UE
Avaliação e Ensino na Educação Básica em Portugal e no Brasil: Relações com as Aprendizagens (AERA)

Avaliação e Ensino na Educação Básica em Portugal e no Brasil: Relações com as Aprendizagens (AERA)
Aula regular com desenvolvimento de tarefas de aprendizagem e avaliação

Projeto Transacional/Acordos Bilaterais – Financiamento FCT/CAPES (em execução)

Equipa Universidade de Évora (CIEP-UE)

Coordenação: António Borralho (UE)

Membros da equipa: Domingos Fernandes (Prof. Catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa), Marília Cid (UE), Isabel Fialho (UE), Elsa Barbosa (doutoranda do curso de Ciências da Educação da UE)

Parceiros:

Universidade Federal do Pará (Instituto de Educação Matemática e Científica)

Coordenação: Isabel Lucena (doutorada)

Membros da equipa: Maria Augusta Raposo (doutoranda), José Aurimar Angelim (doutorando), José Messildo Nunes (doutorado), Josete Dias (doutorada), Tadeu Gonçalves (Prof. Titular), Valéria Marques (doutoranda), Renato Guerra (Prof. Titular)

O estudo realizado por Black e Wiliam (1998) evidenciou três resultados que são de referência incontornável: a) as práticas sistemáticas de avaliação formativa melhoram significativamente as aprendizagens de todos os alunos; b) os alunos que mais beneficiam de tais práticas são os que revelam mais dificuldades; e c) os alunos que frequentam aulas em que a avaliação predominante é de natureza formativa obtêm melhores resultados em exames e provas de avaliação externa do que os alunos que frequentam aulas em que a avaliação é essencialmente sumativa. Estes resultados são particularmente relevantes se tivermos em conta os níveis de desempenho dos alunos portugueses e brasileiros. Hoje é genericamente aceite que as práticas de avaliação devem contar com a participação ativa de todos os alunos e contribuir inequivocamente para a melhoria das suas aprendizagens (Fernandes, 2008; Fernandes, Borralho, & Vale, 2011). Porém, para que tal aconteça, é essencial que a avaliação esteja integrada nos processos de ensino e aprendizagem e que seja predominantemente de natureza formativa. A investigação que nos propusemos desenvolver, no contexto de várias escolas portuguesas e brasileiras, enquadra-se nas ideias acima referidas e está orientada por questões como as seguintes: De que forma são avaliados os alunos? Em que medida as práticas avaliativas de natureza formativa são utilizadas pelos professores? Que práticas de ensino e avaliação parecem estar relacionadas com aprendizagens mais significativas por parte dos alunos? Como é que a avaliação de natureza formativa se relaciona com a avaliação de natureza sumativa?

As investigações mais recentes têm destacado a importância da avaliação na melhoria das aprendizagens (Stiggins, 2004). Da literatura mais atual podemos destacar o desenvolvimento das seguintes áreas de investigação: a) a consolidação da teoria da avaliação formativa que pode ser a retaguarda das práticas de sala de aula, b) a descrição e análise da avaliação e das práticas de ensino que são implementadas nas salas de aula reais, com professores reais e estudantes reais, relacionando-as com o sucesso escolar dos alunos, c) articular a aprendizagem, o ensino e a avaliação, d) compreender as relações entre a aprendizagem, o ensino e a avaliação, tornando a sala de aula e toda a sua complexidade na unidade de análise em vez de o professor ou os alunos de forma independente, e e) compreender as relações entre avaliação formativa e avaliação sumativa e as respetivas implicações práticas. No entanto, na maioria dos sistemas educativos ainda há dificuldade em implementar uma avaliação efetivamente formativa, que desenvolva as aprendizagens e, consequentemente, ajude os alunos a aprender (Stiggins, 2004). Este investimento terá de envolver medidas de política educativa mais voltadas para apoiar o que acontece nas salas de aula, através de medidas tomadas nas escolas, implementadas nos seus projetos educativos e curriculares e, naturalmente, através dos esforços dos professores. Mas envolve também a renovação das práticas pedagógicas onde os processos de investigação têm tido um papel relevante (Fernandes, 2008, 2009). Assim, é indispensável reforçar a investigação empírica nas escolas e nas salas de aula (Black & Wiliam, 2006).

A ideia principal desta investigação é compreender as relações entre as práticas de ensino, de avaliação, a melhoria das aprendizagens dos alunos e o seu sucesso escolar em diferentes turmas, portuguesas e brasileiras, do ensino básico (7–10 anos). Os resultados esperados poderão ajudar a compreender a avaliação das aprendizagens no ensino básico e, nesse sentido, contribuirão para a produção de conhecimento e para a reflexão teórica numa área que tem sido claramente negligenciada pela investigação. Tais resultados podem ser relevantes para a reformulação e melhoria das políticas educativas, ou mais especificamente, para a melhoria das práticas pedagógicas.