A anterior existência de um Centro de Estudos Árabes na Universidade de Évora, liderado pelo Prof. Adel Yussef Sidarus, a própria localização e história da cidade, a proximidade e multidisciplinariedade de investigadores no CIDEHUS especialistas neste domínio, constituíram um excelente ponto de partida para trabalhos de pesquisa sobre o Norte de África, nos quais me encontro envolvido. Mais especificamente sobre o Maghreb e o Gharb-Al-Andaluz, segundo uma perspetiva arquitetónica e urbana, mas em intenso diálogo aberto com a história, a arqueologia e as tecnologias digitais. Também outra rede de contactos anteriores, nomeadamente com o Aga Khan Program for Islamic Architecture (MIT), foi alicerçando uma série de trabalhos e ligações. Tudo isto culminou, num primeiro momento, na Conferência Internacional realizada na Universidade de Évora, Sharing Architecture Cultures across the Maghreb and India ( 2006); posteriormente, iniciou-se a lecionação de uma Unidade Curricular no Departamento de Arquitetura, intitulada Introdução à Arquitetura Islâmica e do Espaço do Maghreb . Contou sempre com docência por parte da arquitetura e da história.
Atuamente, a tudo isto somam-se dois projetos de investigação:
1) Projeto sob Convénio entre a FCT e o CNRST (Marrocos). Duração: Três anos. Titulo: Atravessando o Estreito do Mediterrâneo: 1300 anos de Cultura Islâmica no Magrheb e Gharb al-Andalus . Uma nova perspetiva Arquitetónica e Histórica.
As principais questões a serem abordadas são: porquê e como é que a noção de património adquiriu uma perceção híbrida em relação ao seu significado, à sua função e mesmo quanto à sua autenticidade? Sabendo-se que diferentes culturas desenvolvem olhares diferentes sobre o seu património, como pode ser partilhado um património que se encontra separado de quem o edificou? A identidade na arquitetura é induzida através de fatores ideológicos ou pela geografia?
Estas questões não devem ser vistas separadamente. O projeto materializa-se em pesquisa de fontes primárias e secundárias. Tenta estabelecer uma nova leitura holística do património construído islâmico no Maghreb e Garb- al-Andaluz, à luz dos 1300 anos do estabelecimento da cultura Islâmica neste território.
2) Um segundo projeto está mais focado sobre a cidade de Safim:
Mémoire du Futur. Safim-Safi. Histoire d ́une Ville Portuaire – Carrefour de Cultures.
Pour une inscription de la Ville sur la liste du Patrimoine Mondial de L’UNESCO.
Este projeto em colaboração com a Cátedra UNESCO - Intangible Heritage and traditional Know-how - tem como objetivo principal estudar a cidade de Safim e compreender o seu património imaterial e material e propor, através da elaboração de um dossier de candidatura, a cidade de Safi a Património Mundial da UNESCO. Os trabalhos em colaboração com várias instituições Marroquinas tiveram inicio em 2013, tendo em Janeiro de 2015 sido realizado um Workshop Internacional de Arquitetura nesta cidade:
WORKSHOP LANDSCAPE AND ARCHITECTURE - The Medina of Safi: Rehabilitation of river Oued Chebba stream and its urban area . É de notar que Safim esteve sob o domínio português entre 1488 e 1541. Muitos dos edifícios da cidade desta época ainda caracterizam a sua estrutura urbana.
João Magalhães Rocha
(Universidade de Évora – Departamento de Arquitetura; CIDEHUS)