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Trimestral | Nº 02 - 2017
Nota de Abertura

Nota de Abertura por Jacinto Vidigal da Silva | Presidente do Conselho Científico do IIFA

Nota de Abertura
Jacinto Vidigal da Silva, Presidente do Conselho Científico do IIFA
Articulação ente o Ensino e a Investigação

Os referenciais para os Sistemas Internos de Garantia da Qualidade (SIGQ) da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), para a Investigação e Desenvolvimento (I&D), colocam o ênfase nos mecanismos de articulação entre o Ensino e Aprendizagem (E/A) e a I&D, designadamente no que se refere ao contacto dos estudantes com as actividades de I&D desde os primeiros anos. 

Apesar desta orientação de carácter normativo, o tema continua a ser objecto de debate controverso sobre a natureza do relacionamento ao nível dos diferentes ciclos de estudo. Uns encaram os conceitos como interligados e simbióticos. Outros defendem que não existe nenhuma relação ou vantagem nessa articulação, que poderá até ser negativa para os estudantes, pela maior dedicação dos docentes às actividades de I&D. Outros acreditam que deve existir uma relação, mas que depende das áreas científicas, do contexto organizacional e do nível dos ciclos de estudo.

Numa visão mais desapaixonada e tão distante quanto possível, pode confirmar-se que a articulação, ou melhor, a dificuldade de articulação varia consoante o nível dos ciclos de estudo. A sua implementação é muito mais fácil nos cursos de doutoramento, através da integração dos estudantes nas unidades de investigação que dinamizam conferências de iniciação à investigação, organizam ciclos de seminários, oferecem unidades curriculares de metodologias de investigação e têm capacidade de integrar os estudantes em projectos de investigação ou de os apoiar na apresentação dos seus próprios projectos.

Nos cursos de mestrado e de licenciatura a dificuldade é maior. A articulação poderá fazer-se ao nível do desenvolvimento de actividades de inovação e de empreendedorismo (como por exemplo de incubadoras de ideias ou de empresas), que envolvam os estudantes e entidades externas. O problema é que estes cursos têm normalmente um elevado número de estudantes, que dificilmente poderá haver projectos para todos.

A resolução do problema passa pela alteração do modelo (E/A) de forma a colocar o estudante como principal actor do processo, onde a preocupação central é a produção de conhecimento. Isto poderá ser conseguido através de unidades curriculares (UCs) específicas de iniciação à investigação, do desenvolvimento de conteúdos programáticos das UCs de acordo com os métodos de investigação, da integração de projectos nas UCs que impliquem as práticas de investigação e que o funcionamento das aulas decorra num ambiente científico saudável criado nas escolas e nos departamentos onde a cultura universitária fomente a integração do E/A com a I&D.

Este modelo, para além de motivar mais os estudantes, porque são o centro do processo E/A, aguça a curiosidade para fazerem as suas próprias descobertas, construindo desta forma uma formação mais sólida e com maior capacidade de adaptação às mudanças da envolvente externa que se apresenta cada vez mais desafiadora da inovação.

Jacinto Vidigal da Silva |  Presidente do Conselho Científico do IIFA

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