Orientação: Maria do Céu Brás da Fonseca
O presente trabalho visa descrever a natureza estrutural e funcional da complementação oracional finita na variedade angolana do português, segundo os princípios teóricos e metodológicos do funcionalismo linguístico das escolas francesa e espanhola. Pretende-se contribuir para o estudo de uma proposta de gramática da frase que evidencie o atual panorama deste subtipo de subordinação na variedade angolana do português. A descrição e interpretação realista de formas linguísticas mais estáveis, cujas unidades surgiram da análise e tratamento informático de um corpus representativo formado da imprensa escrita angolana, permitiram atestar graus de instabilidade nas relações de complementação oracional finita na norma angolana do português, como a sintaxe posicional dos clíticos em variação livre entre anteposição e posposição, a omissão da preposição de em completivas verbais intrinsecamente pronominais, a perda crescente da noção de mundo possível por causa da ocorrência do modo indicativo com predicadores “irreais” e por causa do elevado rendimento funcional de predicadores factuais no sistema e, igualmente, a inexistência de restrições temporais em completivas de conjuntivo, barrando, desta forma, a oposição funcional entre conjuntivo, tempo-dependente e indicativo, tempo-independente. Isso parece evidenciar que, na história interna de uma língua, nenhuma sincronia é estática e igualmente que o português falado e escrito em Angola é diferente, por exemplo, do português falado e escrito em Portugal. Os resultados descritos na presente gramática da frase, cujo mérito, a existir, pertence a gerações anteriores de linguistas nacionais e estrangeiros, poderá, de igual modo, contribuir para a definição e sistematização estrutural da norma angolana do português.
Palavras-chave: Funcionalismo, complementação finita, gramática da frase, norma angolana do português.