Doutoramento em História e Filosofia da Ciência
A divulgação da Fotografia no Portugal Oitocentista: Protagonistas, práticas e redes de circulação do saber
Cármen Almeida
Orientação: Maria de Fátima Nunes
Ao mesmo tempo que a História e Filosofia das Ciência iniciava um movimento de renovação, a partir dos anos 70 do século passado, a historiografia da fotografia descolou da tradicional abordagem inspirada nos cânones da história de arte (modelo de Beaumont Newall), tendo surgido um conjunto de obras cujos autores já não são os cientistas do séc. XIX, pioneiros da historiografia da fotografia, nem os curadores, críticos de arte e fotógrafos dos anos 40 a 70 do século passado, mas sim historiadores, filósofos e alguns sociólogos, verificando-se a par uma re-assunção da natureza científica e técnica da fotografia e um certo abandono dos discursos em torno da sua vertente artística, bem como os escudados nos contributos da semiologia, no discurso do documento, da reprodução do “isto foi”.
Paralelamente, durante a última década, tem sido dada uma importância crescente à circulação e popularização da ciência e da tecnologia, quer nos centros, quer nas periferias da Europa, bem como aos estudos de caso que, historiograficamente, enriqueçam a compreensão de “particularidades” destes aspectos em países que, até agora, não tiveram visibilidade na produção científica.
O aparecimento destes estudos, nomeadamente em países ou regiões periféricas aos tradicionais centros do saber, permitem aprofundar o estudo da formação e circulação dos quadros interpretativos que determinaram o uso e a prática fotográfica nos mais diversos contextos sociais, económicos e geográficos, bem como poderão abrir caminho para a entrada da fotografia e fotógrafos no âmbito da história da cultura científica e da divulgação científica.
É neste enquadramento que nos propomos investigar a divulgação, o desenvolvimento e a popularização da prática fotográfica em Portugal e no caso particular do Alentejo, pequena região periférica, por sua vez, ela própria, inserida num país periférico, ao longo de todo o séc. XIX. Procuraremos efectuar uma abordagem transversal e centrada em três níveis de análise: a influência de um centro irradiador da nova descoberta (particularmente França e Inglaterra); Portugal com destaque para os grandes momentos e vultos da história fotográfica nacional oitocentista e, finalmente, o Alentejo.
Palavras-chave: centro; circulação do saber; comunicação; cultura científica; fotografia; história da ciência; laboratório; periferia; popularização da ciência; redes de saber.
