Prémio Científico, Sesimbra 2017

O Prémio Científico, Sesimbra 2017 foi atribuído ao trabalho “Descobrindo o manto: decifrando a paleta e a técnica do pintor Gregório Lopes com um estudo sobre a pintura "Mater Misericordiae" de Sesimbra” da autoria de Vanessa Antunes, contando com a intervenção de técnicas aplicadas no Laboratório HERCULES da Universidade de Évora.

 

Vanessa Antunes, investigadora do Instituto História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa (ARTIS-IHA/FLUL) e primeira autora do trabalho agora premiado, revela que Gregório Lopes (1490-1550) foi um dos pintores mais proeminentes do Renascimento e Maneirismo Português. A pintura "Mater Misericordiae", feita para a Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra, cerca de 1535-1538, e atualmente no Núcleo Museológico da Capela do Espírito Santo de Sesimbra, é uma das obras mais importantes do artista, e a sua única pintura sobre esta temática, sendo, como tal, uma das pinturas mais significativas do século XVI em Portugal.

A sua recente intervenção de conservação e restauro proporcionou a possibilidade de estudar materialmente a pintura pela primeira vez, através de uma metodologia multianalítica. O estudo incorporou a espectrometria de fluorescência de Raios X por energia dispersiva (EDXRF), a microscopia electrónica de varrimento com espectroscopia de energia dispersiva (SEM-EDS), a micro- Difracção de Raios X (μ-DRX), a micro-espectroscopia de Raman (μ-Raman) e a cromatografia líquida de alto desempenho acoplada a detectores por arranjo de diodos e por espectrometria de massa (HPLC / DAD / MS). O estudo analítico foi complementado pelo exame de Reflectografia de Infravermelhos (IRR), permitindo o estudo da técnica do desenho subjacente, e também pela dendrocronologia de modo a confirmar a data dos painéis de madeira (1535-1538). Os resultados deste estudo foram comparados com outros resultados anteriormente obtidos no estudo da oficina do pintor Gregório Lopes, permitindo encontrar semelhanças e diferenças significativas nos materiais e nas técnicas utilizadas. Este estudo permitiu a análise aprofundada desta pintura e o avanço do conhecimento sobre o seu estado de conservação, trazendo novos dados sobre as técnicas e materiais utilizados por este pintor e contribuindo para o progresso do conhecimento cultural sobre o importante legado artístico da região de Sesimbra.

A intervenção contou com a participação dos investigadores do Laboratório HERCULES da UÉ, António Candeias, Cristina Barrocas Dias, Ana Manhita e Sónia Costa.

A investigadora, congratula-se pelo atribuição do prémio, “fruto de um trabalho pluridisciplinar que reúne investigadores de diferentes centros nacionais como o Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (ARTIS-IHA/FLUL) o Laboratório de Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física da Radiação, Departamento de Física, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa (LIBPhys-UNL), o Laboratório José de Figueiredo, Direcção-Geral do Património Cultural (LJF-DGPC), o Laboratório HERCULES, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Évora, o Centro de Estudos Florestais, Instituto Superior de Agronomia e a Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa”. Sublinhando que, a investigação pluridisciplinar “é fundamental para uma análise integral da obra estudada, bem como para o progresso da ciência em Portugal”.

 

A atribuição do prémio bem como o lançamento da publicação estão previstos para Novembro próximo, no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar.

 

Publicado em 04.06.2018
Fonte: GabCom | UÉ